segunda-feira, julho 02, 2007

Confiança.

Por João.

Esse texto abaixo é sobre o significado da palavra "confiança". Foi escrito há um tempinho, não sei quando. Talvez eu não concorde, hoje, com alguns pedaços. Mas mantive o original, modificando apenas algumas passagens para melhor entendimento. Uma vez que está fora de seu contexto original, muito mais amplo e cansativo de se ler, procurei resumir ao máximo alguns parágrafos. É isso.


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Confiança. É disso que se trata. A verdade é que jamais poderemos conhecer plenamente o que se passa ao nosso redor. O ser humano é decididamente limitado, sua perspectiva abarca poucos aspectos da realidade. E esta realidade, ainda por cima, é mediada por uma gama de convicções, preconceitos, idéias pré-concebidas, teorias, imaginações, especulações e outras prerrogativas humanas. Uma percepção que traz a realidade limitada e mediada, já chegando a nós completamente disforme. Esta distorção é que levou tantos a defenderem a bandeira do relativismo absoluto, a negar a existência da realidade, a colocar na perspectiva humana a própria existência fora do humano. Estão errados: há algo que é, algo que existe. As interpretações sobre esta existência, essas sim, todas no domínio humano, carregada desses problemas todos, é que, ao confundirem-se com a realidade, influem sobre nosso julgamento.


É uma realidade inatingível, a não ser por mecanismos que acabam por deformá-la. Como pode, então, o homem acreditar que sabe tanto? Como pode o homem transformar em regra geral, em universal, em científico aquilo que ele enxerga de um ponto tão particular frente à totalidade? A resposta é só uma: não pode. O homem apenas pensa que pode devido à carga de arrogância, petulância, megalomania e outras características que animam sua carcaça e dão energia à sua alma, uma energia de potência pronta a explodir.


O homem, ser limitado, crê poder dominar tudo ao seu redor. E esse é o problema. Não pode, simplesmente não pode. É impossível segurar com destreza todos os acontecimentos da vida. É impossível firmar as mãos nessas rédeas, agarrar essa roda da fortuna que gira com tamanha violência e tenta nos arrancar de sua presença a todo momento. O homem julga-se Príncipe maquiavélico e não passa de bobo da corte. Nem o próprio Príncipe seria capaz de tamanha façanha. Não há virtu bastante para nos dar plena ciência do que se passa ao nosso redor. E aí é que entra esse estranho artifício humano, essa estranha ferramente chamada confiança.


Confiamos estar certos. Confiamos ser capazes de realizações. Confiamos poder controlar o incontrolável, domar o selvagem, conquistar o maravilhoso. O indiferente nos ofende, porque confiamos ser os mais importantes que já passaram por essa Terra. E é por confiança que se erguem os alicerces de qualquer relacionamento. É nessa coisa fina, transparente, meio frágil, chamada confiança.


Confiamos que não seremos traídos. E, engraçado, o simples ato de confiar já abre a possibilidade de estarmos errados e de sermos traídos. Confiamos, mas não podemos ter certeza. Se temos certeza, se sabemos pra quem nossa namorada liga, por onde nosso namorado anda, com quem nossa esposa trabalha, de quem é aquele recado pro marido, então deixa de ser confiança. Se sabemos, ou pensamos saber, tudo que se passa na vida de nossos cônjugues; se só acreditamos no companheiro, na companheira, porque nos sentimos capazes de conhecer cada passo dado durante o dia, deixa de ser confiança.


Confiamos exatamente porque existe essa névoa que encobre parte do relacionamento. Confiamos que nessa névoa não existem monstros, não há abismos, há chão firme. Confiamos e entramos de cabeça na névoa, sabendo que não haverá o que nos machuque, ou imaginando saber que sairemos ilesos.


O ato de confiar traz a chance de se machucar. Confiamos, e confiar pode levar à dor da mesma forma que a vida, invariavelmente, leva à morte. Mas não deixamos de confiar, precisamos confiar, assim como precisamos continuar vivendo, mesmo sabendo que iremos morrer. E confiar é saber das limitações do companheiro. Confiar no amigo não é pensar que ele é capaz de fazer tudo, mas entender que há coisas que ele pode não conseguir fazer. Isso é confiança. O resto é uma cegueira apaixonada que não levará a lugar algum, senão ao arrependimento e ao mal falatório sobre os perigos de se confiar.


Confio nela, ela confia em mim. Confio neles, eles confiam em mim. Confio em minha ciência, em minhas ideologias, em minhas capacidades. Confio, redudantemente, em minhas crenças. Mesmo que haja esses pontos obscuros, essa parte escura que provavelmente jamais será iluminada.

quarta-feira, junho 27, 2007

"Meu filho não é um comunista! Ele pode ser um idiota completo, um irresponsável, um comunista, mas ele não é gay!" -- Vovô Simpson --

Por Iorio
Para quem não sabe eu sou um marxista.
Não o melhor dos marxistas, mas um marxista de toda forma.
Vamos concordar que ser marxista é uma porcaria.
Quando você acorda você sabe que o mundo está indo para o buraco, você conhece todos os motivos de cor e salteado, mas por algum motivo insano ninguém parece se importar. E para piorar você não pode nem ter o consolo de acreditar no paraíso, porque você também é ateu e não acredita em Deus. Ora, então porque ser marxista?
Antigamente era porque todo mundo se amarrava num cara barbudão que falava na derrota do sistema capitalista e na ascenção do proletariado. Claro que você levava umas porradas na cachola da ditadura, mas como você sempre terminava comendo alguém (sim eu disse alguém! Nada de distinção sexual!).
Imagino que devia ser recompensador. E sim eu disse devia! Quer dizer, se alguém for depender somente do título de marxista para tentar se dar bem, vai ter que se contentar com um período bastante prolongado de virgindade, além de a possibilidade de um braço algumas vezes maior que o outro.
Estamos em uma fantástica onda de conservadorismo, a maior preocupação de toda a classe proletária é que vai ser eliminado no big brother, ou quem vai casar na novela das 8. Qual o resultado? Quando você afirma que é marxista para alguém, te examinam como se você fosse o casamento entre um portador de uma doença venérea, com um torcedor fanático do Flamengo: Não sabem se sentem nojo, pena ou raiva de você. Mas isso não quer dizer nada para um bom marxista.
Pois pode não ser lá muito bom ser um marxista, mas continua sendo bem divertido.
Persistimos em ser a melhor companhia bêbada em um bar. Somos sempre os primeiros a serem entrevistados em ameaças de Greve. Podemos botar a culpa de tudo que acontece de ruim em nossa vida (de sermos chifrados à espirrarmos) no sistema capitalista. E por fim! Nada disso importa, uma vez que a revolução está próxima! E dá-lhe o capital!
FIM

segunda-feira, junho 25, 2007

Por Renata Saavedra


Um maço.
Há quanto tempo não fechava o rodopio da Terra com o maço que o desencadeou.
Há quanto, mesmo?
Não, não fazia tanto. Mas parecia muito.
E o último maço rotatório havia sido outra coisa. Um maço clássico, de iniciantes, um maço ansiolítico, com aquele gosto ocre de acendido com fósforo.
Esse era outro maço. E essa era outra rotação, também.
Um dia ruim?
Começado no escuro, com projetos desses de sempre, engatando a primeira no carro recém-lavado que enfrentou quilômetros de taxista. Taxista preguiçoso, mas taxista.
As ladainhas, os projetos desses de sempre não todos alcançados, a lista de tarefas diárias deixando resíduos para o depois. Resíduos desses de sempre.
Mas o maço desse último rodopio, comprado na loja de conveniências da Pasteur, era outro maço.
Não era de blaserismo, de agitação, de relaxamento.
Não era de alívio ou de nervosismo.
Era um maço de segunda-feira, de uma segunda-feira prazo e compromisso. De uma segunda-feira família e ladainha. De uma segunda-feira engarrafada e com motoristas ruins – nem todos são taxistas, mesmo preguiçosos. Um maço meio cansado até.
Um maço acendido na vela ao lado da lasanha, a vela desenhada no fundo do copo do último gole de vinho.
Um maço de cinzas no papel engordurado dos bolinhos fritos.
Um dia ruim?
Um dia diferente.
Esse era outro, outro maço.
Um Carlton verde de amor.

domingo, junho 24, 2007

O Partido, a Chapa, o Poder.

O texto abaixo surgiu primeiro no meu blog (www.maisporrada.blogspot.com).
Principalmente agora, que já acabaram as eleições, ninguém pode me acusar
de coorporativismo, hehehe.
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A construção de uma hegemonia de partido sobre as demais esferas da sociedade pode ser aplicável em qualquer universo, não importa o quão pequeno ele seja. Numa universidade, por exemplo, o caso que presenciei hoje foi sintomático.

A ocasião era um debate entre duas chapas para o DCE (Diretório Central dos Estudantes) da dita universidade. Beleza. Lá pelas tantas, me atira a pérola um sujeito da Chapa 2:

"Vocês (os alunos; dirigia-se o sujeito à platéia) querem participar das discussões, debater, ou ser massa de manobra? Querem participar do movimento estudantil ou se deixar levar pelos outros?"

O sujeito não falou nessas palavras, é certo. Minha cabeça não é gravador. Mas o sentido foi esse.
Interessante o sentido dessas palavras. Constituem símbolo maravilhoso do quanto um sentimento ou opinião de grupo pode chegar a esmagar as opiniões de grupos contrários a ele.
A colocação do sujeito é dicotômica: ou você participa, ou é massa de manobra. Não há espaço para meio-termos; não há lugar para "terceiras-vias". O camarada é A ou B, lá ou cá. Não há intermediários entre o iluminado e o ignorante.

Ao colocar as coisas desse jeito, universalizando uma idéia que é apenas do grupo a que o dito sujeito pertence (ou, talvez, uma idéia que é própria e única apenas a ele mesmo); ao descrever o mundo em tão preto-e-branco, o sujeito nada mais faz do que delimitar os espaços onde supostamente pode haver contestação e onde supostamente são válidas as manifestações e a participação. Se um camarada resolve não discutir reforma universitária junto a outros colegas da universidade, imediatamente se torna massa de manobra, iludido, manipulável. Os mecanismos onde pode haver resistência são cuidadosamente definidos por um Partido (ou, no caso, uma Chapa de DCE) e os espaços fora desse limite são identificados com os inimigos. E inimigos, bem se sabe, ou se exclui ou se pune.

As propostas dessa Chapa começavam sempre por "diálogo com os alunos da universidade". Beleza. Muito lindo. Mas ao separar o universo em manipulados e iluminados, essa mesma chapa exclui outras formas de diálogo que não as dela própria. A conversa e a iluminação se dão nos moldes definidos pela chapa, o "falar" e o "ouvir" se dão enquanto espaços legítimos dentro dos limites da chapa. Em resumo, resistências que repudiem a discussão em assembléias estudantis (seja porque estejam desiludidas com o movimento estudantil, seja porque acham discussão uma perda de tempo) são desconsideradas enquanto resistências. São identificadas com a "massa de manobra", que inevitavelmente leva ao "conservadorismo", logo associado à "direita", por fim banido sob pretexto de "reacionário".

Acho odiosa a forma como organizações identificadas com o sentido do Partido agem. O Partido deveria ser integrador, crítico, promotor de discussões. Mas quando a organização define o encaminhamento do debate sem ouvir os críticos (quem precisa ouvir "massas de manobra"), ou os ouve, porém ignora, imeditamente se perde em muito o caráter democrático de deve ser a organização dita política. Infelizmente, estamos num espaço de luta por hegemonia. Não por melhorias.

domingo, junho 17, 2007

Parou por quê?

Não sei. Mas ainda dá pra corrigir esse erro.
O que tem de aluno por aí querendo mandar texto não é brincadeira. Ou então eu tô muito enganado (a experiência me diz que a segunda frase está mais próxima do real, hehehe).
Espero estar enganado quanto a estar enganado. E que a caixa de e-mails fique cheia, hehehe.
A gente precisa de um espaço como esse. Nem que seja pra falar abobrinha, falar mal dos outros, polemizar. A lista de e-mail é legal, mas será que, com tanto espaço nesse mundo digital, ficaremos restritos a um único espaço?
Vamos lá. Quem começa?
Que atirem a primeira pedra.
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Pra início de conversa, alguns comentários:
1) Acho legal a gente aproveitar esse espaço não só pra divulgar textos nossos, mas também pra discutir sobre textos publicados em outros lugares.
2) Esse também pode ser um blog de atualizações sobre o curso de história em tempo (quase, quase, mas quase mesmo) real. Se alguém tiver qualquer notícia ou fofoca, mande pra cá.
3) Bom lugar pra divulgação de eventos e outras notícias sobre o mundo da história. E não é?
Vamos torcer e lutar pra dar certo.

domingo, março 05, 2006

Sobre censura

Por João Carlos

Não sei como ficou a história, mas vou desabafar assim mesmo. Talvez os calouros fiquem perdidos, mas os veteranos com certeza me entenderão. Falo de censura, de uma censura que, ainda que não nos tenha sido imposta, só serve para limitar nosso direito de expressão. Falo de censura, falo de uma coisinha chamada manual dos calouros.

Acontece que o manual já era meio que uma tradição na Unirio. Todo ano, os veteranos preparavam um texto sobre cada professor do curso, para, de maneira bem humorada, levar um pouco da personalidade de cada docente para o calouro. E, claro, o manual também servia para metermos um pouco de medo nos calourinhos, já que certos professores parecem tão maquiavélicos que a gente sente medo antes mesmo de assistir a qualquer aula.

Mas é fato que o manual é uma brincadeira. Não pretendíamos caluniar, difamar ou ofender nenhum professor. Apenas brincamos com algumas de suas características mais marcantes, com seus jeitos de dar aula, com as matérias que ensinam etc. Ainda assim, é triste perceber que certos professores não viram com bons olhos o manual. Brigaram, sentiram-se ofendidos (o que, lógico, é direito deles, ainda que, a meu ver, infundado). Devido à confusão, ficou a dúvida se o manual seria ou não atualizado esse ano, ou se seria publicada uma versão light (sem piadas).

Foi censura, ainda que uma auto-censura. Já houve problemas quanto á liberdade de expressão nesse jornal. Já houve problemas de liberdade de expressão na lista de e-mail. Já houve problemas até nos corredores da Unirio. Agora, até nosso trote sofre com esse tipo de problemas.

Talvez tenhamos procurado um caminho errado. Talvez não devêssemos fazer piadas, brincadeiras ou caricaturas. Talvez não devêssemos “ofender” ninguém. Afinal, são professores de gabarito, doutores e pós-doutores, têm experiência, competência etc. São intocáveis. São acadêmicos. Não podemos brincar com sua figura.

Talvez devêssemos falar de modo acadêmico. Talvez devêssemos usar palavras bonitas e escrever seriamente. Afinal, somos alunos de história, projetos de acadêmicos, não somos? Talvez o problema tenha sido escolher brincar, quando, como bons futuros historiadores, deveríamos fazer um trabalho de interpretação baseado em fatos.

Esse foi nosso problema. Não devemos brincar com eles, devemos falar só concretamente. Talvez seja melhor falar dos atrasos de tantos professores, das constantes faltas. Deveríamos falar de professores que desprezam os alunos, de professores que dão apenas metade da carga horária prevista (e ainda reprovam os faltosos!). Deveríamos falar, sempre apoiados em fatos, de professores que zeram a sua prova e não dizem o que você errou. Deveríamos falar de professores que não seguem a ementa prevista, de professores que passam 80% das aulas divagando ao invés de dar a matéria. Ou, pior, deveríamos falar de professores que NÃO conseguem dar a matéria decentemente, de professores despreparados, para cujas provas basta a leitura de livros de segundo grau. Vamos falar dos professores que pulam partes importantes da matéria e não se importam se vai fazer falta ou não pra você. Vamos falar dos professores que vivem em pedestais, dos que não conseguem dar uma aula animada, dos professores que não aceitam opiniões diferentes das dele, que não têm paciência, disposição ou jeito para serem professores etc.

Uma piada é piada. A Unirio, como todas as federais, tem problemas. Aqui, no entanto, na minha opinião, as boas qualidades superam esmagadoramente as ruins. É uma faculdade maravilhosa, só alguns é que precisam melhorar o humor.

Dentre os envolvidos na confusão do manual dos calouros, estão alguns dos professores que mais gosto nessa faculdade, com os quais tive algumas das melhores aulas e com os quais, inclusive, me identifico no jeito de ensinar. É triste ver que uma brincadeira boba gerou tanta controvérsia. Uma brincadeira sem malícia, cujo intuito foi somente ajudar a integrar os novos alunos à comunidade Unirio.

Sou a favor da liberdade de expressão. Se não podemos brincar, já que pode ofender as pessoas, então vamos falar seriamente. Vamos falar apenas a verdade, não a verdade absoluta, claro, mas aquela verdade que só nossos olhos de alunos são capazes de perceber. Outros olhos, mais gabaritados, não têm a mesma nitidez. Baseados em fatos, quem poderá reclamar de nós?

Para quem não sabe nem onde é a Av. Pasteur

10 dicas simples e totalmente sem critério que podem facilitar sua vida na faculdade.
Por Biba Bandeira

Parabéns! Você conseguiu passar pra Faculdade. E é pública! E federal! Êpa! Você deve estar muito feliz, e seus pais também, né? Ah, mais ou menos? Acharam estranho esse negócio de professor, né? É, tem muita gente que acha. Bem, aí vão alguns toques que podem ser úteis na sua jornada rumo ao seu diploma de Bacharel. (Hã?!)

1. Venha para a faculdade com a roupa mais confortável possível. As salas são quentes. Ok, ok, poderiam ser piores, e há ainda uma possibilidade remota de melhorar. Mas venha confortável. Você está fazendo História e não Moda.

2. Há um ônibus integração do metrô que sai do metrô de Botafogo e deixa você na porta da UNIRIO. 511 com ar!

3. O nome da diretora do nosso curso é Claudia Beltrão. Não confundir com Andréa Beltrão, a atriz. A Claudia fala latim de vez em quando. Não se sinta humilhado por isso, estuda que você chega lá. Ela é super solícita, além de ser divertidíssima. A secretária do curso agora é a Érika, também gente boa, e muito tranqüila.

4. Existem três xeroqueros próximos no prédio do CCH. Um no subsolo, o George, que é onde a maioria dos professores deixa as pastas. As pastas não podem ser retiradas de lá. A cópia custa (até o fechamento dessa edição, pelo menos) R$0,10. No prédio da Biologia (aquele brancão do lado) está o Mário que, apesar de assoberbado, sabe quais são os textos que caem na prova. E claro, vem com piadinha incluída. No CLA (onde tem o jardim) está a xerox da Dada. Provavelmente você poderá acompanhar Vale a pena ver de novo todos os dias lá. Mesmo contra a sua vontade. Escolha à vontade, mas não deixa o George te ver em outras xerox, ele fica meio magoado.

5. Estamos dominando a Internet. Sim, Bill Gates já era. Temos orkut, lista de e-mail, site e tudo que todo excluído digital deve ter. Se você também é desse grupo seleto de brasileiros, aproveite o programa Boot Remoto do pessoal e Informática, digo, Sistemas de Informação. São terminais de internet (4 no total, acho) gratuitos, livres... e sempre cheios. Desafio qualquer um de vocês a achar uma só vez os computadores do Boot Remoto em outra página da Internet que não seja o orkut.
Para entrar na nossa lista de e-mail, você deve procurar a Carol Rabelo, a moderadora. Estamos no Orkut com várias comunidades. A página do curso é www.unihistoria.net e a do CA é www.cahuni.cjb.net.

6. Mas afinal de contas, o que é CA? Não é nem loja de departamento nem aquele ano antes da primeira série primária. CA é sigla para Centro Acadêmico. Também conhecido como DA (Diretório Acadêmico) o CA é a instância que representa os alunos do curso. Cada curso tem seu CA, isto é, se houverem pessoas interessadas em agir na representatividade do corpo discente (ou seja, os alunos), para dentro do curso e para fora também.
Cada CA, ao ser formado, cria um estatuto, que é como se fosse a constituição de um país. No estatuto estão previstas as condições em que o CA pode ou não agir, e delimita como se dá o processo de representação. Nesse momento, o CA também delimita que sistema de representação adotará. Nosso CA iniciou seus trabalhos com o modelo Gestão Livre, e em 2004, após um plebiscito, adotou-se o sistema de colegiado.
Através desse sistema são delimitadas diretorias com um número específico de membros que se encarregam de diferentes assuntos que permeiam a vida acadêmica dos alunos. Os alunos reunidos em assembléia discutem e deliberam sobre os assuntos levantados.
No entanto, a participação dos alunos de fora da Diretoria tem sido muito pequena. Esperamos que vocês se interessem e participem!

7. Existe na cantina o PA (ai, quanta sigla!), que significa Prato do Aluno. É vendido a um preço mais barato que a comida a kilo que eles vendem. Há poucas opções baratas pela redondeza. Há também alguns lugares na Rua Lauro Muller (a caminho do Rio Sul) que vendem pratos executivos, ou o próprio restaurante Sujinho da UFRJ, que tem feijoada às sextas. Não se espante com as aparências.

8. Escrever para esse jornal é gratuito e indolor. Basta escrever o texto e enviar. Você fica famoso sem precisar escrever nada bom.

9. Conheça as festas do CLA. São uma experiência que vai do péssimo ao divino maravilhoso. Tudo pode acontecer nas festinhas do CLA, e a UNIRIO deve a elas bastante desse clima tão inusitado.

10. Se a polícia te parar na rua, por qualquer motivo, não se espante com a cara do agente da lei quando você disser que é estudante de História. A polícia, sua mãe, seus amigos do cursinho, seu cachorro, enfim, todos dirão que “quem faz História é tudo vagabundo”. Não se espante. Você acaba se acostumando, e até gostando.

Desabafo pra meter medo na molecada

Por Biba Bandeira*


É. Mais um ano letivo começa na UNIRIO. Mais uma safra de calouros, novinhos em folha. Alguns zero quilômetro, prontos para o test-drive. Provavelmente alguns devem estar assustados com toda a balbúrdia, com toda a expectativa que nós, os veteranos, colocamos neles. E ainda vão se assustar com muitas outras coisas que farão parte do cotidiano desses moleques daqui pra frente. Como a quantidade de textos, o dinheiro que gastarão na xerox, que não condiz nem um pouco com o serviço prestado. O sabor inenarrável do almoço na Cantina. A quantidade de palavras difíceis, em textos longos, às vezes surpreendentes e outras vezes daqueles que você acaba de ler e desconfia que está com as páginas trocadas. É. Alguns textos a gente não entende nada mesmo.
Os novatos se assustarão talvez com o frenesi pela cerveja gelada na birosca mais próxima, aliada a uma fidelidade pelo bar que alguns de nós mantemos. E acharão estranho como ainda dá pra fazer um monte de coisas enquanto isso. Talvez se surpreendam com os ataques de bobice e as brincadeiras infantis que fazemos, mesmo com uma pose “meio-intelectual, meio-de-esquerda” de uns, ou o ar acadêmico rigoroso de outros.
Alguns se espantarão com a falta de recursos, a dificuldade que se tem para conseguir apoio em certas circunstâncias. Provavelmente aqueles que provêm de escolas particulares serão os mais afetados com essa surpresa.
Verão também que existem pessoas que se esforçam, quase que à toa, pensando na faculdade, no curso. Eu disse quase que à toa porque para isso não há remuneração, não há glória, não há poder, não há nada. Escrever qualquer idiotice para circular nesse jornaleco, montar um evento de proporções restritas ou passar semanas angariando algum apoio qualquer com as instâncias superiores para conseguir ir a um evento. Chorar por uma resma de papel. Ficar mofando em salas pela Reitoria, em departamentos disso ou daquilo. Passar tardes na UNIRIO pra saber do que se passa, em reuniões em que muitos nem dão as caras. Os que já conhecem esse tipo de coisa devem estar se identificando e talvez soltando um suspiro de cansaço, afinal de contas o ano de 2005 não foi fácil para nenhum de nós. Os que observam de mais longe talvez pensem que isso se trata de alguma estratégia política ou a fim de angariar popularidade. Mas acreditem. Não é.
Gostaria de começar esse novo ano letivo com um desabafo, que tem múltiplas direções. Para os calouros que chegam agora interessados em saber um pouco sobre a experiência que eu tive aqui.
Na minha carteirinha da UNIRIO figura o número 20011362005. Isso significa que foi há cinco anos que eu cheguei na UNIRIO, tal como os calouros estão chegando hoje. Foi num dia 12 de março. Tive muitos conflitos em relação à carreira que devia seguir, como muitos de nós tivemos, e temos até hoje. Larguei Comunicação duas vezes. Não é fácil estudar História. Não. Alguns pais acham estranho, outros apóiam com ressalvas, e acreditem, há aqueles que tentam impedir. É um mercado, pelo pouquinho que começo a conhecer, bastante difícil. Não é fácil ser professor no Brasil. E ser intelectual num país onde não se tem o que comer parece, em alguns momentos, um absoluto despropósito. Tal como eu, dezenas de alunos que passaram e passam por aqui se questionam.
Mas o questionamento é a primeira parte da armadura que vestimos para enfrentar essa guerra, calouro amigo! Há um momento de “apaixonamento”, em que você simplesmente vai achar as aulas sensacionais. Há o momento de decepção, em que você pensará em sair correndo pela rampa abaixo e pegar o primeiro ônibus para a faculdade de Engenharia Mecatrônica (Importante: não estou de forma alguma desmerecendo os engenheiros) ou Direito (menos ainda, porque eles estão aqui pertinho!). Há um momento em que você poderá pensar que simplesmente “nasceu pra isso” e que se envolverá num amor tórrido pela História. Ou talvez isso não aconteça.
Alguns de vocês farão amizades profundas aqui. Como eu fiz. Algumas. Terão muitos companheiros de festinhas, bares, encontros, carnavais, cineminhas de domingo, raves e tudo o que vier à cabeça. Terão alguns amigos de verdade, que agüentarão você quando você enlouquecer, ou estiver bêbado que nem um gambá. Outros serão colegas de corredor, ou nem isso.
Vocês verão que a História te faz mais chato em alguns momentos, porque você fica crítico, às vezes demais. Porque você passa a ver sentidos obscuros em coisas que pareciam simples. Porque você se perde no meio de uma conversa ou de um texto bobo.
Eu queria sinceramente que vocês soubessem que esses últimos anos foram ótimos na minha vida.. Vocês devem estar se perguntando porque estou aqui abrindo meu coração num jornal de imensa circulação. É só porque eu quero dizer a todos que chegam aqui hoje que se deixem sentir embalados pela novidade, enfeitiçados pela História, conquistados pelo nosso curso, nossos alunos, professores, nosso clima. É por esse clima, por esse curso que eu, assim como muitos outros, quero que cresça, que eu me enrolo toda e acabo criando arranca-rabos homéricos com muita gente. É por isso que estamos nos esforçando, para que possamos apresentar a vocês um ambiente, e não só um curso universitário. Para que ano que vem (vai passar rápido e vocês se espantarão com isso) vocês tenham a mesma energia e o mesmo envolvimento com essa experiência. Tomara que vocês se apaixonem como eu me apaixonei.


* Aluna do último período, tentando se formar. Membro da Diretoria do Centro Acadêmico. Figurinha fácil em rodinhas de piada, cerveja e fofoca. Pode ser encontrada pela UNIRIO, em alguns corredores e (agora) quase nenhuma sala de aula.

Sejam bem vindos.

O Queijo e os Vermes é um jornal criado e mantido pelos alunos do curso de história da Unirio. Sua proposta é divulgar textos desses mesmos alunos, ou de outros autores, desde que relacionados à área de história (entendida, aqui, em seu sentido mais amplo, inclusive ligada às demais ciências sociais). Não nos restringimos ao discurso acadêmico rígido. Pelo contrário, pretendemos ser um veículo informal, capaz de congregar diversos estilos e visões.
Para participar de sua elaboração, basta que nos envie um e-mail para unihistoria_jornal@yahoo.com.br. Não deixe de colocar seu nome, instituição de ensino e período. Os alunos da Unirio têm preferência na publicação, o que não significa que alunos de outras instituições não possam participar.
Participem! Vamos fazer nosso jornal crescer!


Por João Carlos