quarta-feira, junho 27, 2007

"Meu filho não é um comunista! Ele pode ser um idiota completo, um irresponsável, um comunista, mas ele não é gay!" -- Vovô Simpson --

Por Iorio
Para quem não sabe eu sou um marxista.
Não o melhor dos marxistas, mas um marxista de toda forma.
Vamos concordar que ser marxista é uma porcaria.
Quando você acorda você sabe que o mundo está indo para o buraco, você conhece todos os motivos de cor e salteado, mas por algum motivo insano ninguém parece se importar. E para piorar você não pode nem ter o consolo de acreditar no paraíso, porque você também é ateu e não acredita em Deus. Ora, então porque ser marxista?
Antigamente era porque todo mundo se amarrava num cara barbudão que falava na derrota do sistema capitalista e na ascenção do proletariado. Claro que você levava umas porradas na cachola da ditadura, mas como você sempre terminava comendo alguém (sim eu disse alguém! Nada de distinção sexual!).
Imagino que devia ser recompensador. E sim eu disse devia! Quer dizer, se alguém for depender somente do título de marxista para tentar se dar bem, vai ter que se contentar com um período bastante prolongado de virgindade, além de a possibilidade de um braço algumas vezes maior que o outro.
Estamos em uma fantástica onda de conservadorismo, a maior preocupação de toda a classe proletária é que vai ser eliminado no big brother, ou quem vai casar na novela das 8. Qual o resultado? Quando você afirma que é marxista para alguém, te examinam como se você fosse o casamento entre um portador de uma doença venérea, com um torcedor fanático do Flamengo: Não sabem se sentem nojo, pena ou raiva de você. Mas isso não quer dizer nada para um bom marxista.
Pois pode não ser lá muito bom ser um marxista, mas continua sendo bem divertido.
Persistimos em ser a melhor companhia bêbada em um bar. Somos sempre os primeiros a serem entrevistados em ameaças de Greve. Podemos botar a culpa de tudo que acontece de ruim em nossa vida (de sermos chifrados à espirrarmos) no sistema capitalista. E por fim! Nada disso importa, uma vez que a revolução está próxima! E dá-lhe o capital!
FIM

segunda-feira, junho 25, 2007

Por Renata Saavedra


Um maço.
Há quanto tempo não fechava o rodopio da Terra com o maço que o desencadeou.
Há quanto, mesmo?
Não, não fazia tanto. Mas parecia muito.
E o último maço rotatório havia sido outra coisa. Um maço clássico, de iniciantes, um maço ansiolítico, com aquele gosto ocre de acendido com fósforo.
Esse era outro maço. E essa era outra rotação, também.
Um dia ruim?
Começado no escuro, com projetos desses de sempre, engatando a primeira no carro recém-lavado que enfrentou quilômetros de taxista. Taxista preguiçoso, mas taxista.
As ladainhas, os projetos desses de sempre não todos alcançados, a lista de tarefas diárias deixando resíduos para o depois. Resíduos desses de sempre.
Mas o maço desse último rodopio, comprado na loja de conveniências da Pasteur, era outro maço.
Não era de blaserismo, de agitação, de relaxamento.
Não era de alívio ou de nervosismo.
Era um maço de segunda-feira, de uma segunda-feira prazo e compromisso. De uma segunda-feira família e ladainha. De uma segunda-feira engarrafada e com motoristas ruins – nem todos são taxistas, mesmo preguiçosos. Um maço meio cansado até.
Um maço acendido na vela ao lado da lasanha, a vela desenhada no fundo do copo do último gole de vinho.
Um maço de cinzas no papel engordurado dos bolinhos fritos.
Um dia ruim?
Um dia diferente.
Esse era outro, outro maço.
Um Carlton verde de amor.

domingo, junho 24, 2007

O Partido, a Chapa, o Poder.

O texto abaixo surgiu primeiro no meu blog (www.maisporrada.blogspot.com).
Principalmente agora, que já acabaram as eleições, ninguém pode me acusar
de coorporativismo, hehehe.
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A construção de uma hegemonia de partido sobre as demais esferas da sociedade pode ser aplicável em qualquer universo, não importa o quão pequeno ele seja. Numa universidade, por exemplo, o caso que presenciei hoje foi sintomático.

A ocasião era um debate entre duas chapas para o DCE (Diretório Central dos Estudantes) da dita universidade. Beleza. Lá pelas tantas, me atira a pérola um sujeito da Chapa 2:

"Vocês (os alunos; dirigia-se o sujeito à platéia) querem participar das discussões, debater, ou ser massa de manobra? Querem participar do movimento estudantil ou se deixar levar pelos outros?"

O sujeito não falou nessas palavras, é certo. Minha cabeça não é gravador. Mas o sentido foi esse.
Interessante o sentido dessas palavras. Constituem símbolo maravilhoso do quanto um sentimento ou opinião de grupo pode chegar a esmagar as opiniões de grupos contrários a ele.
A colocação do sujeito é dicotômica: ou você participa, ou é massa de manobra. Não há espaço para meio-termos; não há lugar para "terceiras-vias". O camarada é A ou B, lá ou cá. Não há intermediários entre o iluminado e o ignorante.

Ao colocar as coisas desse jeito, universalizando uma idéia que é apenas do grupo a que o dito sujeito pertence (ou, talvez, uma idéia que é própria e única apenas a ele mesmo); ao descrever o mundo em tão preto-e-branco, o sujeito nada mais faz do que delimitar os espaços onde supostamente pode haver contestação e onde supostamente são válidas as manifestações e a participação. Se um camarada resolve não discutir reforma universitária junto a outros colegas da universidade, imediatamente se torna massa de manobra, iludido, manipulável. Os mecanismos onde pode haver resistência são cuidadosamente definidos por um Partido (ou, no caso, uma Chapa de DCE) e os espaços fora desse limite são identificados com os inimigos. E inimigos, bem se sabe, ou se exclui ou se pune.

As propostas dessa Chapa começavam sempre por "diálogo com os alunos da universidade". Beleza. Muito lindo. Mas ao separar o universo em manipulados e iluminados, essa mesma chapa exclui outras formas de diálogo que não as dela própria. A conversa e a iluminação se dão nos moldes definidos pela chapa, o "falar" e o "ouvir" se dão enquanto espaços legítimos dentro dos limites da chapa. Em resumo, resistências que repudiem a discussão em assembléias estudantis (seja porque estejam desiludidas com o movimento estudantil, seja porque acham discussão uma perda de tempo) são desconsideradas enquanto resistências. São identificadas com a "massa de manobra", que inevitavelmente leva ao "conservadorismo", logo associado à "direita", por fim banido sob pretexto de "reacionário".

Acho odiosa a forma como organizações identificadas com o sentido do Partido agem. O Partido deveria ser integrador, crítico, promotor de discussões. Mas quando a organização define o encaminhamento do debate sem ouvir os críticos (quem precisa ouvir "massas de manobra"), ou os ouve, porém ignora, imeditamente se perde em muito o caráter democrático de deve ser a organização dita política. Infelizmente, estamos num espaço de luta por hegemonia. Não por melhorias.

domingo, junho 17, 2007

Parou por quê?

Não sei. Mas ainda dá pra corrigir esse erro.
O que tem de aluno por aí querendo mandar texto não é brincadeira. Ou então eu tô muito enganado (a experiência me diz que a segunda frase está mais próxima do real, hehehe).
Espero estar enganado quanto a estar enganado. E que a caixa de e-mails fique cheia, hehehe.
A gente precisa de um espaço como esse. Nem que seja pra falar abobrinha, falar mal dos outros, polemizar. A lista de e-mail é legal, mas será que, com tanto espaço nesse mundo digital, ficaremos restritos a um único espaço?
Vamos lá. Quem começa?
Que atirem a primeira pedra.
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Pra início de conversa, alguns comentários:
1) Acho legal a gente aproveitar esse espaço não só pra divulgar textos nossos, mas também pra discutir sobre textos publicados em outros lugares.
2) Esse também pode ser um blog de atualizações sobre o curso de história em tempo (quase, quase, mas quase mesmo) real. Se alguém tiver qualquer notícia ou fofoca, mande pra cá.
3) Bom lugar pra divulgação de eventos e outras notícias sobre o mundo da história. E não é?
Vamos torcer e lutar pra dar certo.